– Tenho a impressão de que já passei por isso antes, e tantas outras vezes, que me repito e volto a repetir.
– Desde quando sente isso?
– Não sei quando iniciou. Sempre que lembro da vez anterior, ela já é uma repetição, não sei quando foi a primeira. Talvez precise parar e começar algo do zero.
– Talvez.
– Mas não sei no que me basear, começar de novo parece algo tão vazio, incerto. Ainda que se diga, não se pode começar do zero, precisa-se de pelo menos um. E repeti-lo.
– Talvez.
– Você ficar se repetindo não parece me ajudar.
– Talvez. Mas não sei o que possa dizer para te ajudar. Me parece que o caminho é sempre individual, e apontar qualquer direção não teria sentido, seria a minha direção.
– …
– Não vai dizer mais nada?
– Talvez. Estou pensando se penso algo diferente, mas parece que tudo já foi dito. Que o seu caminho também já foi meu caminho e de tantos outros. Ao mesmo tempo é tudo diferente. Sempre chega um momento em que sinto que preciso parar. Mas é claro que o zero não existe como possibilidade de retorno. Ainda assim, sinto que preciso desse estado zerado.
– Sempre podemos parar. O tempo segue. Nunca podemos parar.
– Quero parar por aqui.