Eu, Diego Winck Esteves, brasileiro, solteiro, nascido na cidade de Porto Alegre, faixa preta 2º Dan da arte marcial Taekwondo, graduado em Educação Física (licenciatura plena), artista do circo e da dança, DECLARO para os devidos fins, que tomo estes espaços enquanto um estudo na forma de uma pesquisa-improvisação; tal estudo se apresenta em fragmentos, como cenas criadas em procedimentos similares aos tomados em espetáculos. Portanto, são como textos-cenas, com a ressalva de que pretendem funcionar como ensaios abertos ao público, e não como espetáculo: são cenas de improvisação. Assim, neste fazer, nos propomos mais em apresentar problemas do que resolvê-los. Neste espaço de ensaios, o texto, noções como Ciência da Imprevisão e Poéticas da Notação são invenções resultantes deste jogo autoimposto: exercícios de artista que improvisa cenas, personagens, coisas, para enunciar problemas, perspectiva-los, mas que acaba sempre lançando-os adiante, sem toma-los como resolvidos. Modo incerto de afirmar incertezas. Algoz de si, ao mesmo tempo que este combate toma formas de uma dança, precisa inventar outros espaços-textos-cenas-ensaios para desdobrar esses estudos, para seguir nesta pesquisa-improvisação em jogo. Me afirmo, então, para o que demanda este ato declaratório, numa intersecção educador-artista, onde prefiro ser o traço que conecta, do que as palavras que definem. Por fim, afirmo que este espaço, que condiciona um existência em estudos imprevistos, foi assim pensado fragmentário, para ser lido como quem assiste uma mostra de repertório onde se misturam arte, filosofia, ciência e educação. Não se trata de uma peça teatral, representando uma narrativa com início e fim (embora um problema tenha de fato nos levou a outros), mas de cenas mais ou menos breves. Não imaginei um palco teatral com plateia ordenadamente sentada, mas salas, galerias, um amplo espaço pelo qual circular, para ser visitado e tomado como seu: espaço comum, público, fantasia de uma comunidade estudante aos encontros com textos e imagens. Declaro, assim, que os movimentos aqui registrados foram guiados por uma vontade de chance: em errância, a espreita de uma gargalhada, e ao mesmo tempo com rigor, dançando os riscos ao ser convocado pelas necessidades e possibilidades que se apresentaram ao nosso corpo. Esperamos que a leitura possa ser afetada por essa ideia de um jogo divino, do acaso e da inocência.
Porto Alegre, 05 de setembro de 2018.