Paro a escrita volto para o texto paro o texto volto para a escrita num movimento contínuo sem ponto ou vírgula
Param-me. Voltam-me.
Da última ida e volta carrego isso:
Suportar, por exemplo, um excesso de coerência racional, como a do estilo spinoziano de pensamento, sem deixar de evocar o fantástico e o heteróclito; fazer ruir a sintaxe das ordens utópicas com o diapasão dessas mesmas ordens; trapacear a língua, talvez nos dissesse Roland Barthes. É disso que se trata: usar as linguagens para travar diálogos e o livro é, ele mesmo, um diálogo, uma forma de relação, nos diz Borges. Em um diálogo o interlocutor não é a soma ou a média daquilo que diz, mas todos os microefeitos que transluz sua expressão. (ADÓ, 2016, p.12)