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[45] 12/10/2017

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Notas que aponta para esta: [6] [8] 

 

Nos parece importante, nesse momento da pesquisa e da escrita, apontar alguns preceitos da nossa abordagem teórica. Preceitos esses que tem se repetido com um pano de fundo, ou um subtexto. Mas antes, uma certa definição dessa “abordagem teórica” desponta em solicitação. É uma abordagem que estabelece bordas, um certo limite, em movimento, com avanços e recuos, em jogo com outras bordas que ora atravessamos também – sem hierarquia ou um critério anterior. Entendendo então por abordagem a definição de bordas que definem o nosso espaço, que é cênico. Essas bordas são abstrações, são arbitrárias. Estão sempre sendo desfeitas e, mesmo enquanto presentes, são permeáveis pois, de fato, não existem enquanto matéria – não é um muro ou algo do gênero, é mais a definição de um espaço cênico para onde trazemos nossos elementos (cenário, objetos e coisas em geral – que existem em palavras, ideias, conceitos), é um palco na rua, à céu aberto e, não se sabe bem onde termina e começa esse espaço – se sabe que vai mais ou menos até ali. E, por teórico podemos entender o texto, e a materialidade da palavra num exercício de composição e produção de sentido – sempre fora do nosso domínio, enquanto reescrito na leitura de cada leitor. Assim então, nossa abordagem teórica (na falta de um termo menos escorregadio e que detenha certo status acadêmico) é um espaço cênico onde as cenas não são mais que jogos, como um ensaio que é, ao mesmo tempo, o espetáculo, pois não há finalização – dura enquanto acontece, e nunca termina. Onde se joga com uma memória alargada[1], no sentido de inserir nesse jogo tanta matéria quanto possível, para que esse se potencialize[ ]. Memória alargada e curta, porque se trata de improvisação e não da repetição de certo modo de fazer – ainda que esses modos componham também essa memória, e entrem no jogo como matérias em potencial, mas sempre dispostas à variação, e ao esquecimento.

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[1] “Deste modo, o professor é visto como um colecionista e como alguém que opera com uma memória alargada, mas, curta; uma memória impessoal, uma memória que nem sempre este está de acordo, mas que faz parte de sua matéria de trabalho. Essa memória se constitui como uma voz que lhe dá fôlego” Máximo Adó, nota de aula 1, Seminário Avançado Poéticas Citacionais, p.5.

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