“Não sou da informática, sou da invencionática”, li, certa vez, de Manuel de Barros[1]. Não sou, eu, enquanto diego esteves, da informática. Diria que “sou do corpo”, do estudo e da experimentação — ou seja, de um modo de pesquisar —, do “como ele (um corpo) funciona?” e do “o que ele pode fazer?”; o que significa, noutros termos, exercitar-se em excursões onde, deslocado, se encontram (ou se inventam) outros possíveis destes corpos (não há, aqui, privilégio ao humano).
Reside aí toda uma complexidade, do “como fazer?” e do “por onde seguir?”: logo, esta invencionática, sobre a qual somos ativistas (nós, os esteves diego), necessita produzir um espaço como condição de possibilidade para a pesquisa (para o estudo e a experimentação), onde tais exercícios resultem de uma maquinação do próprio espaço (de sua maquinaria), dinamizando invenções em proliferações descentradas; ou seja, nas quais o humano seja não mais que uma coisa (contudo, coisas não coisificadas), em composições em jogo (ou seja, de corpos em movimentos, em encontros e desencontros).
Este espaço, enquanto um sítio, portanto, articula — em “subespaços”, demarcados, na sua maioria, como Salas — composições heterogêneas: contingências no espaço-tempo produzidas de e em imagens em textos, fotografias, vídeos etc.; tais imagens apresentam corpos, que são coisas, e que ocupam um espaço como anotações do que passou.
Estes procedimentos, que produz uma espécie de arquivo, e que lidam com um real, nos termos de transcriações de acontecimentos passados, ou ainda, de modo análogo, em exercícios do pensamento sobre o porvir, em ensaios, ou ficções, denominamos de Poética da Notação: um corpo que nota e anota, em jogo com outros corpos (que são, em si, e em última instância, movimentos). Os procedimentos que constituem isso que seria, então, da ordem de uma maquinação do corpo que lida com o que acontece, apresentamos neste texto, e no espaço relativo a este minicurso. De todo modo, na Sala de textos, no artigo Escrita e poética na pesquisa em Educação: autoficção e performance, publicado na Revista ETD – Unicamp, apresentamos estas questões; na mesma sala, publicamos ainda um texto acerca de um certo Método Labiríntico, sobre o qual aqui nos exercitamos (texto que, por sua vez, foi publicado no livro “Filosofia e educação em errância: inventar escolas, infâncias do pensar).
Seria então uma maquinação de imagens? Produções de uma invencionática que funcionaria pela dinamização deste próprio espaço — como um dinâmico que capta a energia circundante potencializando um campo de forças? E este tal Diego Esteves que escreve, o que quer? Sugiro, além da nota de entrada, que se leia as notas descritivas, onde foram tecidas certas considerações mais pontuais, do âmbito de pressupostos e intenções (ademais, o prólogo importa um tanto).
Tudo o que passa neste espaço tentou ser, de algum modo incerto, captado e organizado num bloco de notas, na Sala de estudos, bem como nos caminhos de leitura propostos. Outros modos de lidar com isso que seria da ordem das experiências de um humano, demasiado humano, via as artes da cena, resultaram em espetáculos, cenas, coreografias, na Sala cênica, bem como produções na Sala de vídeo e Sala de fotos.
Este espaço, de imagens e sua virtualidade, está correlacionado com outros, donde destaco uma Dissertação intitulada Pesquisa-improvisação: educação em jogo, aulas, espaços de estudos e experimentações, e redes sociais (‘instagram’, ‘facebook’).
Seria uma espécie de dança dos espaços, dos potenciais destes, e de corpos em passagens (incluindo, com efeito, o seu); são estudos e experimentações em jogo, tudo para (ou através de) uma maquinação de (e em) invencionáticas.
[1] O Apanhador de desperdícios, no livro “Memórias Inventadas: a primeira infância”