PRESSUPOSTOS E APOSTAS

Em linhas gerais, supomos que tantos apontamentos tenham dado a ver o que este espaço postula: não ter centro, não ter linha guia, não ter fio de Ariadne no labirinto. É nesse sentido que o convite é para um passeio por ele, pelos textos, fragmentos, notas: zanzar entre achados e perdidos, num jogo de dados, dados poéticos num espaço tempo-passado que, ao ser atualizado, espera-se que tenha a força do instante de sua criação. Nossa aposta de pesquisa, então, assume riscos: ela é precedida por uma certa teimosia, como uma resistência a fazer como se vinha fazendo até então, ou se poderia fazer, teimosia para não dizer o que de inteligente pensava que poderia dizer sobre o que pensava que sabia. Na confusão destes limiares (entre o que sabe, pensa saber, e o não-sabido), seguem passagens de um estado à outro, entre autores, ideias, imagens, como a criança que gira em torno de si até não mais conseguir girar, só para ver o que acontece. Os textos aqui, em que pese o esforço compreendido neste rodar em torno de si, não almejam ser muito mais do que rascunhos (em certa medida até, dejetos): no máximo obras despropositadas, desmedidas e, ainda que finalizadas, estranhamente inacabadas. Corpos em movimento: a criança corre riscos. Apesar do rigor e amor pelo que se faz, é preciso sempre diminuir sua auto importância, se colocar do lado do movimento, onde, como coisa que se é, e via o que pode produzir, não há um terço do valor sobre o que ainda pode ser feito. É preciso seguir, desviando e mudando a direção, toda vez que parecer que a rota está correta demais, e com isso, monótona. Onde pesquisar é produzir variações.

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