Em cada uma de suas palavras, a linguagem se dirige para conteúdos que lhe antecedem; mas em seu próprio ser e desde que ela se conserve o mais próximo possível do seu ser, ela só se desenvolve na pureza da espera. A espera não é dirigida para nada: pois o objeto que viria preenchê-la só poderia apagá-la. (FOUCAULT, 2001, p.241).
O movimento da espera, a espera em movimento. Uma espera não centrada, uma espera desequilibrada em direção ao fora. Um andar na linha da fronteira entre o que constitui o corpo e o fora. Uma linha inexistente, um movimento incessante que se representa numa linha: entre idas e vindas estabeleço um centro como uma média, não como um ponto de repouso. Quem estabelece? O corpo, seja ele qual for. Essa linha é a marca deixada pela repetição dos cruzamentos.
E, no entanto, ela não é, parada, imobilidade resignada: ela tem a resistência de um movimento que não teria fim e jamais se prometeria recompensa de um repouso: ela não se envolve em nenhuma interioridade; cada uma de suas menores parcelas cai em um irremediável exterior. (FOUCAULT, 2001, p.241).