SALA DE ESTUDOS

[83] 30/01/2018

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Marco me levou às suas cidades[1], e ao lado de Khan olheis seus gestos, os objetos que trazia consigo com os quais ilustrava o que viu, sem se usurpar ao direito à fala, das caretas e saltos.

Curioso seria se eu nada visse ao que Marco Polo nos mostrava, e mais curioso seria se eu visse o mesmo que Khan e que o próprio narrador via enquanto narrava. E ainda mais curioso é o que devo admitir: apesar da força e da maestria com a qual Marco nos conta suas histórias (sobre a escrita de Calvino) não são as cidades que se erguem em meus pensamentos; apesar de sua presença imponente, elas aparecem como um espaço (com toda sua topologia particular e incerta), como ambiente e mesmo com um cenário (quase um pano de fundo, ainda que repleto de símbolos) sobre o qual assisto curioso a encontros, relações e significâncias ao infinito – a cada vez que olhava a mesma cidade, e sobretudo em cada nova cidade, via outras relações coisas-pessoas-lugares. Onde haviam cidades invisíveis eu via relações invisíveis.

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[1] Acerca do livro Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino.

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