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[30] 29/09/2017

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Sobre o sacrifício de compor esse texto-dissertação, com a etimologia da palavra: trabalho sagrado. Assim, com fé, fazer disso a nossa religião: religar, ainda que não se saiba o que – e isso tampouco importa, a fé no fazer se sobrepõe ao que foi feito; o feito está passado: nosso presente é o fazer. Fé num plano de imanência, nosso plano de composição. De compor, de, com, pôr, e de ser composto. É o que está em jogo, é a nossa improvisação ganhando corpo, corpos.

Não é mais possível falar da citação por si mesma, mas somente do seu trabalho, do trabalho da citação. A noção de trabalho é rica: é a potência em ação, o poder simbólico ou mágico da palavra, é o carmen ou a oração (os religiosos das ordens contemplativas dizem que seu trabalho é a oração); é o “labor”, segundo o termo favorito de Mallarmé para designar seus trabalhos linguísticos, ou o labor intus, o trabalho que se faz por dentro, de acordo com a etimologia que propunha Évrard l’Allemand para o labirinto. E o labirinto é, no texto, uma rede de citações em ação. Tudo isso parece um enigma: o que eu trabalho e me trabalha ao mesmo tempo? O texto, a citação (COMPAGNON, 2007, p.44).

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