SALA DE ESTUDOS

[11] 10/08/2017

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UMA DISTINÇÃO DE CORPO

Como Espinosa define um corpo? Um corpo qualquer, Espinosa o define de duas maneiras simultâneas. De um lado, um corpo, por menor que seja, sempre comporta uma infinidade de partículas: são as relações de repouso e de movimento, de velocidades e de lentidões entre partículas que definem um corpo, a individualidade de um corpo. De outro lado, um corpo afeta outros corpos, ou é afetado por outros corpos: é este poder de afetar e de ser afetado que também define um corpo na sua individualidade. Na aparência, são duas proposições muito simples: uma é cinética, e a outra dinâmica. Contudo, se a gente se instala verdadeiramente no meio dessas proposições, se a gente as vive, é muito mais complicado e a gente se torna então espinosista antes de ter percebido o porquê. (DELEUZE, 2002, p.128).

Nos exercitamos, através da pesquisa-escrita, com o intento de se instalar no meio dessas proposições. Somos espinosistas, e intuímos que estamos percebendo, lentamente, o porquê. Intentamos atuar e encenar[1] os movimentos de um corpo possível, ao qual nunca se chega. Mesclas entre corpo humano e corpo texto[2].

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[1] Trata-se de produzir, na obra, um movimento capaz de comover o espírito fora de toda a representação; trata-se de fazer do próprio movimento uma obra, sem interposição; de substituir representações mediatas por signos diretos; de inventar vibrações, rotações, giros, gravitações, danças ou saltos que atinjam diretamente o espírito. Está é uma ideia de homem de teatro, uma ideia de encenador” (DELEUZE, 1988, p. 29).

[2] O texto tem uma forma humana, é uma figura, é um anagrama do corpo? Sim, mas do nosso corpo erótico. O prazer do texto seria irredutível a seu funcionamento gramatical (fenotextual), como o prazer do corpo é irredutível à necessidade fisiológica” (BARTHES, 1987, p.25).

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