SALA DE ESTUDOS

[46] 12/10/2017

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Notas que apontam para esta: [4] [17] [18]

 

Sobre certos preceitos que funcionam como peças de torque para forçar e mover essa maquinaria produzindo encontros que inventam combinações em jogos mais ou menos aleatórios para a produção de afecções[1], sendo esse um modo de conhecer – o mundo e a si, num mesmo movimento paradoxalmente paralelo e misturado.

Por essa perspectiva o conhecimento é entendido como um estado de espírito que transforma nossos corpos e nosso modo de conceber a nós mesmos e à vida e, por essa via, uma proposta curricular nietzschiana seria aquela que desestabiliza os jogos de vontade de verdade produzindo novos efeitos de sentido, uma vez que o conhecimento não estaria associado à procura de uma verdade que se estabiliza por meio de modos de verifica-la, ou seja, uma verdade estabelecida por padrões estabilizados pelas diretrizes dos modos de conhecer. (ADÓ, 2016, p.8).

Preceitos esses que modulam nosso estado de espírito, e não podem ser separados do mesmo, um modo de ver e ser no mundo que considera, primeiro:

Que esse eu que conhecemos se substancializa com a gramática e se trata de um efeito da linguagem. O eu se configura assim, como uma variação e um modo de dizer. Não se trata, então, de evocar um eu centralizado, um núcleo sólido de um sujeito com saberes vindo de alhures e acumulados em um ser. Diferentemente, aquele passa a ser os fazeres de uma singularidade ilustrada por um mito que a suporta, os modos de subjetivação. (ADÓ, 2016, p.9).

E, segundo, que “o conhecimento é um modo de invenção, como uma afecção ativa” e, por essa via, “a ciência aparece como essa dilatada fantasmagoria, que procura ser uma cópia perfeita e ampliada daquilo que se presta a conhecer”(ADÓ, 2016, p.9).

Partindo desses dois pontos, nos resta (e esse resto é o que importa), potencializar essa invenção produzindo condições de possibilidade para que ela ocorra, inventando o mundo e a si, num jogo de improviso[ ]. Produzindo esse território, como num ateliê de criação: como viventes, em nosso cotidiano, como educadores, docentes e discentes, em nossos espaços de aula.

Ressalva: essa produção inventiva não é primeira, única, ou essencial. Tampouco teleológica (pode ir para o fragmento escrito ontem, sobre o erro). Esse território se faz e desfaz, as peças em jogo mudam, o jogo muda[ ], o território muda. O corpo é um território.

Essa criação (uma autocriação) nos serve para dada condição, e muda com a ação inevitável do tempo, que reconstitui os espaços – numa dinâmica incessante tempo-espaço.

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[1] ”Estamos falando de um método que estima pela heterogeneidade que é instituída por uma prática de criação e experimentação evocada por uma espécie de razão dos encontros fortuitos e das proposições singulares” Máximo Adó, nota de aula 1, Seminário Avançado Poéticas Citacionais, p.4.

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