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[16] 22/08/2017

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IMPROVISO

De início, é preciso definir uma ordem dos fatores: o improviso não é algo que vem de dentro expressando-se ao fora, mas um complexo jogo entre esse “dentro” (memória, intelecto e intuição…) e as matérias que compõe esse “fora” (coisas formadas e matérias informes): uma viagem num mundo de dobras[1]. O improviso é um não fazer do presente um futuro do passado[2]; viagem por novas paisagens, criadas enquanto se caminha; é a não-recognição: uma composição heterogênea e singular com as forças-matérias com as quais se joga num espaço; cena-aula-vida-texto. Nada esta dado, é uma performance para a qual, quanto mais potente for o corpo, maior sua capacidade de perceber as forças-matérias e a sua habilidade de invenção em composição[3].

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[1] “Se o mundo é infinitamente cavernoso, se há mundos nos menores corpos, é porque há ‘molabilidade por toda parte na matéria’, o que dá testemunho não só da divisão infinita das partes mas também da progressividade na aquisição e na perda de movimento, realizando-se, ao mesmo tempo, a conservação da força. A matéria-dobra é uma matéria-tempo, cujos fenômenos são como a descarga contínua de uma ‘infinidade de arcabuzes ao vento’. Aí também se adivinha a afinidade da matéria com a vida, uma vez que é quase uma concepção muscular da matéria que põe a molabilidade em toda parte. Invocando a propagação da luz e a ‘explosão no luminoso’, fazendo dos espíritos animais uma substância elástica, inflamável e explosiva” (DELEUZE, 1991, p.8).

[2] Fala do professor Dr. Walter Kohan durante roda de conversa realizada na UFRGS no dia 11/07/2017.

[3] “El observador – como un sociografista – se instala como un artista que se da cuenta que al moldar la materia es molado por ella incluso cuando esa materia sea él mismo. Se trata de entender la relación de lo que estamos llamando de sociografia como un elemento constitutivo al mismo modo de lo que llamamos de educación, o sea, un elemento componente de prácticas de escritura que transfieren, a uno mismo y a las relaciones por ende establecidas, una performatividad de la invención y una producción de inventividad. Se trata de traducir y renovar aspectos de la vida a la manera de producir expressividades que imitan posibilidad de repercusión (ADÓ; CORAZZA, 2015, .p.277).

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