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[21] 08/09/2017

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A vida é feita de fragmentos, e se há uma ideia de continuidade, é pela combinação desses acontecimentos ao infinito, e a produção de uma narrativa da própria vida. E se tomamos esse dado como um fato, passamos a pensar na narrativa que criamos[ ], no jogo combinatório, nas peças que dispomos. E mais, nas peças que criamos[ ]. É esse posicionamento ante a vida – e aqui criamos nossa própria narrativa sobre a vida – que possibilita possibilidades: se criamos narrativas o tempo todo, na composição entre o que sentimos, falamos e vimos, é ao ter ciência desse fato, e se inserir como jogador autônomo nesse processo, que damos corpo à uma Educação Potencial[ ]. Ainda que pese sobre esse complexo jogo regimes de poder e saber[ ], afirmamos aqui o jogo como a condição de criação de si, como criação e composição de peças enquanto fragmentos do cotidiano[ ], na afirmação de uma vida singular; e da invenção de si, no que podemos definir como uma auto-educação, como uma poética da existência. Libertar-se da servidão da finalidade, dançar-se aos pés do acaso!

Nietzsche identifica o acaso ao múltiplo, aos fragmentos, aos membros, ao caos: caos dos dados que sacudidos e que lançamos. Nietzsche faz do acaso uma afirmação. O próprio céu e chamado de “céu do acaso”, “céu inocência”; o reino de Zaratustra é chamado de “grande acaso”. “Por acaso, esta é a mais antiga nobreza do mundo, eu a restitui a todas as coisas, eu a libertei da servidão da finalidade… Encontrei em todas as coisas esta certeza bem-aventurada de que elas preferem dançar sobre os pés do acaso”. “Minha palavra é: deixem vir a mim o acaso, ele é inocente como uma criancinha”. O que Nietzsche chama de necessidade (destino) nunca é, portanto, a abolição do acaso, mas sim sua própria combinação. (DELEUZE, 1976. p.15).

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