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[23] 08/09/2017

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De qualquer maneira, a vida é cheia de “regras”: explicitas ou implícitas, é “preciso” seguir as regras do jogo. Tem-se o tempo que define e o espaço que separa. À isso o jogo que aqui se apresenta resiste: se às regras aí estão, insiro elas no jogo e, produzindo variações, crio minhas próprias regras, um jogo dentro do jogo.  Uma poética da existência intrinsicamente relacionada com uma poética da resistência: existir é resistir. Não se trata de uma resistência ressentida[ ], mas uma manipulação alegre das forças, um jogar-dançar com as forças, nos desvios possíveis das regras. Não se trata tanto de uma subversão, quanto de uma transgressão[ ].

A vida é problemática. A vida é uma sucessão de acontecimentos singulares. “Se as singularidades são verdadeiros acontecimentos, elas se comunicam em um só e mesmo Acontecimento que não cessa de redistribuí-las e suas transformações formam uma história” (DELEUZE, 2007, p.56).

Assim, então, instituir o problemático como condição da existência. Em nossa via de pensamento, em nosso plano de composição, inserir o problemático[ ] como a condição do jogo: o jogo cria problemas, que outrora sempre estiveram aí e retornarão no futuro: o jogo reapresenta ao jogador os problemas do existir, onde sempre resta uma pergunta fundamental. Um jogo é tão potente quanto forem os problemas que colocar, pois estes problemas demandam soluções, e entre ambos toda uma maquinaria é colocada em movimento: sensações[ ], pensamentos[ ], memória[ ] e invenção[ ]: e na busca de solução o ser se move, se recria; e com isso cria novos problemas: é o jogo que cria suas novas regras a cada jogada[ ], seus novos problemas a cada nova solução.

As metamorfoses ou redistribuições de singularidades formam uma história;  cada combinação, cada repartição é um acontecimento; mas a instância paradoxal é o Acontecimento no qual todos os acontecimentos se comunicam e se distribuem, o Único acontecimento de que todos os outros não passam de fragmentos e farrapos. (…) A pergunta se desenvolve em problemas e os problemas se envolvem em uma pergunta fundamental. E assim como as soluções não suprimem os problemas, mas aí encontram, ao contrário, as condições subsistentes sem as quais elas não teriam nenhum sentido, as respostas não suprimem de forma nenhuma a pergunta, nem a satisfazem e ela persiste apesar de todas as respostas. (DELEUZE, 2007. p. 59).

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